Nota do blog: Esta matéria foi produzida e publicada originalmente em 2015. Todos os preços e sugestões podem ter sofrido alterações. É importante checar se o estabelecimento ainda está em funcionamento ou se teve as portas fechadas e se as atrações ainda acontecem.
SConhecer a cidade por meio da arquitetura urbana é, em qualquer lugar do mundo, a melhor forma de descobrir o passado e entender o presente de cada região. Para quem é nativo, é uma forma, também, de conhecer a própria história.
Há projetos no Rio de Janeiro dedicados a apresentar a história da cidade por meio de roteiros guiados. Um deles é o Roteiros Geográficos do Rio, que tem uma programação mensal intensa e GRATUITA.
Os passeios acontecem em dias de semana, aos fins de semana, de dia ou de noite: dependendo da bossa de cada roteiro: Santuário da Penha, Praça XV, diferentes regiões históricas do Centro, Mosteiro de São Bento, região do Catumbi e igrejas históricas. Veja aqui os roteiros.
Guiados pelo geógrafo Prof. Dr. João Baptista Ferreira de Mello, coordenador do projeto, o Roteiros do Rio é uma iniciativa do Núcleo de Estudos Sobre Geografia Humanística, Artes e Cidade do Rio de Janeiro – NeghaRIO – do Instituto de Geografia – IGEOG – da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Uerj.
Neste post, vamos passear por um dos roteiros do projeto, o “Rio de relíquias”, que tem início na Igreja Nossa Senhora da Candelária e vai até a Confeitaria Colombo, passando por alguns marcos do Brasil Império. Mas há muito mais para desbravar. Escolha o passeio seu e vá conhecer o Rio de Janeiro!
Rio de Relíquias
O ponto de encontro desta atividade acontece em frente à Igreja da Candelária (estação do Metrô mais próxima: Uruguaiana).
Normalmente, os passeios contam com muitos adeptos. Por conta do dia nublado, o grupo ao qual nos juntamos tinha apenas umas dez pessoas, o que fez da nossa viagem ao passado com mais oportunidades de perguntas e pequenas histórias.

Grupo atento às explicações do João Baptista Ferreira de Mello
Igreja Nossa Senhora da Candelária

Você sabia que só a cúpula da Candelária pesa 660 toneladas? Pois é… 600.

A Candelária foi construída por conta de uma promessa. No século XVII, em meio a uma tempestade em alto-mar, vindo para o Rio de Janeiro, o casal Antonio Martins da Palma e sua esposa Leonor Gonçalves, devotos de Nossa Senhora da Candelária, prometeram que, sobrevivendo, construiriam uma igreja onde aportassem. No teto da nave, há seis painéis que remontam essa história.


FApesar de ter sido inaugurada em 1634, a igreja teve de ser reformada em 1775 e acabou sendo reinaugurada, como conhecemos hoje, em 1898. Literalmente uma obra de igreja.
O revestimento em mármore italiano e conta com diferentes estilos de construção, gótico, neoclássico, neorrenascentista italiano e art-nouveau.

Há belíssimos vitrais, portas esculpidas em mármore. Observe estes vitrais na área do coro. Foram danificados por pedras jogadas da rua na fachada. Uma pena.

Fachada e detalhes das portas de bronze, esculpidas pelo português Teixeira Lopes, durante a reforma do século XIX.

Ladeando a Candelária, prédios comerciais projetados por arquitetos famosos, Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. Quantas vezes você passou por ali e sequer sabia disso? E, mais, entrou nos prédios e nunca soube? Pois é, é por isso que precisamos das visitas guiadas. Não dá para ser um estranho da própria cidade.

Há mais duas curiosidades, infelizes, aliás, sobre a igreja. Ela está “afundando”. É que a região fica em cima de um aterro, então, com o peso e o passar dos anos… Não, não é uma coisa imediata. E, sim, é possível reverter o problema. Mas quem?
Na época da abertura da Presidente Vargas, quando diversos prédios e edificações foram demolidos, cogitou-se a demolição da igreja também.
Se você quiser ir à Candelária por conta própria, fique atento aos horários em que está aberta: Segunda a sexta-feira, das 7h30 às 15h50. Sábados das 9h às 12h e domingos, das 9h às 13h.
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O passeio continua pelos caminhos do Porto do Império à cidade
Saindo da Candelária, a visita guiada segue pelos prédios do CCBB, Casa França-Brasil (antigo ponto de entrada de quem chegava de navio à cidade-império), prédio do Centro Cultural dos Correios, Escola de Cinema Darcy Ribeiro, com explicações da funcionalidade de cada prédio e também sobre a arquitetura das edificações.

Outro ponto pitoresco do passeio é o Beco das Cancelas, onde se pagava pedágio para ter acesso à área nobre da cidade, próximo ao Paço e comércio local.

Seguimos com explicações sobre os sobrados e outras peculiaridades da arquitetura. Na época de Pereira passos, essa região foi, por decreto, limitada apenas a estabelecimentos comerciais. Até hoje, o impedimento segue e a área não pode ter finalidade residencial.

Na rua do Ouvidor, uma aula sobre o Carnaval Carioca do século XVIII. Você sabia que foi lá onde começaram os desfiles? E que os sobrados eram alugados para que as pessoas pudessem observar “de camarote” a evolução de Zé Pereira (sim, o da música) de Colombinas e Arlequins?
Também na rua do Ouvidor, as lojas mais chiques onde a fina flor da sociedade carioca ia comprar “perfumarias”.
Adentrando a Travessa Ouvidor, uma parada para algo mais contemporâneo: a Wikkeria Gouvea, onde Pixinguinha e outros artistas davam expediente. Em frente, há uma estátua em homenagem a Pixinguinha.

O final do passeio acontece na Confeitaria Colombo, onde o guia de despede e o grupo dispersa. Aproveite para um café ou um lanche. Abolete-se em uma das mesas e faça uso dos doces e outras delícias.
Tradicionalíssima, a Confeitaria Colombo consegue ser popular e requintada, os preços são totalmente possíveis. Sempre que vou ao Centro, revezo meu cafezinho entre a Casa Cavé, que, aliás, você também precisa conhecer.
Informações práticas sobre o Roteiros Geográficos:
Você encontra a programação em www.roteirosdorio.com
É grátis – a pé – Não há necessidade de inscrição.
Por Whatsapp é possível se comunicar com o organizador do projeto, então, em caso de dúvidas, basta mandar uma mensagem. 🙂 (21) 98871 7238 (WhatsApp)
Em caso de tempo chuvoso, os roteiros são cancelados. Com céu nublado é conveniente telefonar para confirmar.
Não há limites de tamanho para o grupo. Em dias de grupo grande, o condutor utiliza megafones.
Use roupas leves.
Leve uma garrafa de água.
– Vá ao banheiro antes. O guia faz pausas para o banheiro, quando possível, mas nem em todos passeios há locais com banheiro fácil.
Outros projetos semelhantes pra você aproveitar:
Rolé Carioca: acontece de março a novembro. Passeios por Paquetá, Catumbi, Praça XI. E muitos outros locais bacanas.
Passeios do Professor Milton Teixeira. Passeios pelo Cemitério São João Batista, onde estão enterradas muitas personalidades, políticos e artistas. Para receber o roteiro do mês, mande e-mail para: miltur@gbl.com.br
Créditos das fotos: Marcella Sarubi e Mário Melo
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