Nota do Blog: Esta matéria foi publicada originalmente na Revista KIDSin, no ano de 2012.

Com mais 40 anos de carreira, Ana Maria Machado tornou-se, em 2003, a primeira Imortal da Academia Brasileira de Letras com trajetória dedicada significativamente ao universo infantil (instituição a qual presidiu nos anos de 2012 e 2013). Ela é autora de mais de cem livros voltados para o público infanto-juvenil, totalizando mais de 20 milhões de exemplares, publicados em 20 países.
Desde a década de 80, Ana Maria Machado escreve unicamente para crianças e jovens. Antes disso, tinha como carreira a pintura, foi professora, produziu artigos, trabalhou como jornalista e escreveu romances e ensaios para adultos. Foi só depois de tudo isso que enveredou para a literatura infantil.
– O que mais me estimula a escrever para crianças é a possibilidade de contar alguma coisa interessante e que faça pensar, mas em linguagem leve e acessível. Nossa linguagem é mais flexível e maleável do que o português falado em Portugal, por exemplo, e isso nos abre horizontes para falar com as crianças de modo divertido, brincando com o idioma – explica Ana Maria Machado, a respeito da opção pelo universo das letras infantis.
Ana Maria Machado é filha de pai jornalista e costuma dizer que foi presa duas vezes. Uma aos quatro anos, quando o pai foi detido pela Ditadura Vargas, e a menina acabou indo junto na confusão, só depois sendo resgatada por familiares, e aos 28, “por mérito próprio”, como costuma dizer, pouco antes do exílio. Além de espirituosa, a escritora é metódica; começa a escrever cedo, sem interrupções, e diz que escreve o tempo todo, não somente quando está diante do papel.
Crianças, a leitura e o mundo contemporâneo
Que fique bem claro, Ana Maria Machado não é daquelas autoras que repudiam tudo aquilo que não é clássico ou tem preconceito com os modismos, nacionais ou importados, principalmente na literatura. Ela também acaba consumindo, por tabela, o que a cultura pop oferece para as crianças nos dias de hoje:
– Minha família é grande, tenho netos e muitos sobrinhos-netos. Então vou acompanhando o que estão consumindo: Harry Potter, Hannah Montana, essas coisas.
Já com relação aos múltiplos atrativos para as crianças na vida contemporânea, que poderiam competir com a leitura ou dificultar os autores na hora de produzir histórias instigantes para elas, já tão cheias de informações, Ana Maria não demonstra preocupação. A autora confia no poder de um bom livro e acha que leitura e esses outros apelos convivem bem, desde que a criança tenha acesso à leitura, à possibilidade de ler bons livros:
– Acho que qualquer criança se apaixona por leituras atraentes se tiver acesso. Acho, não, tenho certeza. É claro que, se não tiver oportunidade de ter livros fascinantes por perto, não vai descobrir sozinha.
Filhos que veem os pais lendo, têm mais possibilidades de bons encontros com livros
O exemplo dos pais é fundamental para estimular o hábito da leitura nas crianças. E, mais, ler boas histórias para elas também é outra prática fundamental para que se interessem pelos livros, complementa Ana Maria Machado:
– Pai e mãe que não leem atrapalham o encontro do filho com o livro. Se as crianças não se acostumam a ver adultos lendo, não irão ler.
#ficaadica Para ler a partir dos…
5 anos
Mico Maneco A história do Mico Maneco, sempre muito levado, é ideal para as crianças que estão começando a ler.
Cabe na mala A Vaca vai à vila carregando uma mala. O Cavalo vai à vila carregando uma maleta de pano. O que será que eles há nas malas?
6 anos
A Velha Misteriosa Uma casa misteriosa é habitada por uma velha não menos misteriosa. Será uma bruxa? Tião Risonho resolve conferir.
Doroteia, a Centopeia Uma triste e solitária centopeia que encontra a alegria no carinho e na amizade.
7 anos
Balas, bombons e caramelos Dos animais à beira do rio Nilo, nenhum era mais carismático do que Pipo, o hipopótamo. Um dia, quando Pipo abriu a boca para enchê-la de água, foi surpreendido por uma repentina e inexplicável dor. O que será?
9 anos
A Nau Catarineta Os tripulantes da Nau Catarineta conheceram de perto os perigos do oceano. A Nau ficou presa no mar e o desespero tomou conta de todos. Diante da salvação incerta, tentação e devoção se mostram.
Raul da Ferrugem Azul Raul estava intrigado com manchas que se espalhavam pelo corpo. O mais estranho era que ninguém parecia notar. Em busca de respostas, descobre que a causa está em omissões e algumas atitudes do cotidiano.
11 anos
O Pescador de Naufrágios Em uma praia isolada da Irlanda, Jack Dogherty era o mais abastado pescador. Mas essa riqueza não vinha da pesca comum, e sim de uma fonte explorada há gerações por sua família: os naufrágios. A amizade com uma criatura do mar o levará a lugares desconhecidos e a uma missão importante.
Você precisa fazer login para comentar.