Nota do blog: Esta matéria foi produzida e publicada originalmente em 2015. Todos os preços e sugestões podem ter sofrido alterações. É importante checar se o estabelecimento ainda está em funcionamento ou se teve as portas fechadas.
Fundado em 1962, após cinco décadas de pendengas e polêmica em torno de sua instalação, o Centro de Abastecimento do Estado da Guanabara (Cadeg) é, hoje, em proporções maiores, o nosso Mercado Municipal.
Em Benfica, Zona Norte do Rio de Janeiro, o local conta com aproximadamente 714 lojas e salas, em uma área de cem mil metros quadrados. São comercializados em abundância frutas, verduras, hortaliças, flores e laticínios. Há lojas de groceries (e alguma delicatéssen), de vinhos e cervejas, além de restaurantes (20 catalogados).
O lugar é perfeito para um roteiro em busca de iguarias e ingredientes, como, também, para se divertir, comer e beber bem: uma experiência daquelas que se quer repetir (muitas vezes).
Aos não iniciados nos caminhos do Cadeg, ir ao Cantinho das Concertinas para um almoço de sábado é uma boa forma de começar a se familiarizar com o local e, depois, escolher as lojas preferidas. É lá que os “patrícios” e filhos de portugueses se encontram para ouvir música portuguesa, comer comida portuguesa e dançar muito “o vira” ao som de música portuguesa.
A festa acontece somente aos sábados e é feita em homenagem à cultura do Alto Minho, região do norte de Portugal, origem da maioria dos comerciantes portugueses do Cadeg.

Não é um lugar de fados, mas de muita, muita alegria!
O Cantinho das Concertinas causa na gente, mesmo a quem não tem descendência portuguesa, uma espécie de familiaridade afetiva. Uma lufada de banzo vem pelas ondas da canção e fica suspensa no ar. Não é lugar de fados, embora a atmosfera seja de saudade, sentimento emprestado pelos frequentadores da comunidade portuguesa, mas, sim, de alegria.
Cantoria e dança
Depois dos bolinhos de bacalhau, a grande atração é ver a comunidade portuguesa (principalmente a terceira idade) se esbaldando de dançar, ao som de música ao vivo.
A impressão é de que muitos dos “patrícios” esperam aquele momento a semana inteira… Ouvir as músicas da “Terrinha” e poder se acabar. É lindo e emocionante. A pista não fica vazia nem um segundo, e, geralmente, os mais animados são gajos e raparigas de cabelos brancos. Prepare-se, é possível que algum senhor mais animado chame você, rapariga, para dançar. Aceite, pois a animação é realmente contagiante.
O melhor bolinho de bacalhau
Esqueça qualquer um que você já comeu até hoje. Grande, sequinho, crocante e (olha que surpresa) cheio de bacalhau. A unidade custa entre 5 e 6 reais. As bolotas são feitas quase que numa espécie de produção fordista. Muitas, para todos os lados, todos pedem e na sua mesa podem surgir dez bolinhos em menos de um minuto. E, acredite, você vai adorar isso.


Não há muitas opções no cardápio, mas o que há é atração e típica comida portuguesa BEM FEITA! A mesa em que eu estava no dia em que tirei essas fotos deu conta de tudo o que tinha disponível, então, somos uma boa prova da qualidade dos pratos.
Para petiscar, além dos maravilhosos bolinhos, há sanduíche de febras de porco (entre R$ 7 e 10) e sardinhas na brasa (unidade entre R$ 6 e sete ou trio com batata e cebolas em média R$ 30).

Para almoçar, febras de porco com batatas, molho à campanha e farofa e, claro, posta de bacalhau (R$ 130 – serve umas três pessoas não-famintas). Para os mais céticos, um galetinho na brasa bem crocante mata a fome e a gula.

Para beber, cervejas populares (garrafa 600 ml entre R$ 8 e 12) e vinho a preços justos (caneca entre R$ 5 e 10, garrafas entre R$ 50 a R$ 150).
De sobremesa, uma barraquinha na entrada do corredor do Cantinho se encarrega de vender os doces portugueses mais deliciosos, ó pá!
Durante a semana são servidos apenas os bolinhos de bacalhau. Aos domingos, o espaço não abre (embora outros restaurantes do Cadeg, sim. Consulte o site e ligue para os estabelecimentos).
DICAS INDISPENSÁVEIS
- CHEGUE CEDO, POR VOLTA DE 11 HORAS, para pegar lugar.
- Vá de roupas leves e frescas. Faz calor e não tem ar, claro! Sue e divirta-se. É calor em qualquer lugar no Rio, mesmo.
- Vá com coração aberto. O atendimento é confuso. Então, anote o que quer num papel, abra um sorriso =) e entregue quando o garçom passar. Ou seja paciente. Uma hora, o garçom vem e a maioria é bem calorosa.
- VÁ DE TAXI! Solicite por cooperativa ou aplicativo e se certifique de que o motorista saiba chegar. Não é difícil, mas alguns não costumam rodar pela região, então, é bom que seja algum que saiba, pois você não sabe e não quer ficar perdido 🙂
- Anote tudo o que pedir. EU DISSE TUDO. Eles trazem bolinhos desordenadamente, o serviço é um pouco confuso e eles não anotam (acredite) nada do que você pede, fazem de cabeça (sim, é caótico). Então, anote. E leve dinheiro, pois não aceitam cartões, nem débito.
- O lugar não tem frescura. O bar em si é uma porta e toda a festa acontece no corredor do Cadeg em que ele se localiza. O banheiro também não é um banheiro de hotel, OK? Mas você pode superar isso, não é mesmo?
CURIOSIDADES
- O Cantinho das Concertinas nasceu das tardes em que Carlos Ernesto Cadaz, comerciante local e hoje dono do bar, cozinhava para amigos, ali mesmo, no Cadeg. Um dia alguém chegou com uma concertina e, desde então, há quase 20 anos, a festa virou instituição. Personalidades e celebridades costumam dar pinta por lá.
- Um sábado de movimento recebe 700 pessoas no Cantinho das Concertinas.
- 10 mil pessoas transitam por dia no Cadeg.
- O Cadeg emprega 5 mil pessoas.
- São vendidos, em média, de 20 a 30 toneladas de bacalhau por mês. Em dezembro, são vendidas até 300 (!) toneladas. O Cadeg é o maior ponto de venda do peixe no Rio.
- O Cadeg é o maior distribuidor de flores do estado.
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